17 dezembro, 2007

Parte II

05-09-2002

" (...)Não dá para combater esta necessidade de me manter em contacto, permanente, contigo. (...) e continuo a não me arrepender daquele número errado. Acho que nunca fui tão feliz por me ter enganado...

Continuo a escrever nos transportes, enquanto vou para o trabalho e no caminho de volta para casa, no trabalho (...).

Todos me dizem para esquecer, porque o que lá vai lá vai, porque é assim que se aprende, a cair para nos levantarmos a seguir, mesmo que nos espere uma nova queda, e eu sei que têm razão. Mas depois lembro-me (...) de todos os dias que vieram a seguir e chego à conclusão do que sempre soube, que é impossível esquecer e deixar, lá atrás, uma parte da nossa própria alma, porque é aí que tu estás.

Como é que nos esquecemos de parte de nós próprios??
E a resposta é, invariavelmente, a mesma: se perderes uma perna, não deixas de andar, tens sempre uma muleta para te ajudar a fazê-lo. E mesmo que caminhes mais devagar e que o faças com mais dificuldade, nunca deixas de caminhar.

Bom, tudo isso é verdade e muito bonito. Mas quando pergunto onde é que arranjo muletas para a alma, a isso, já ninguém me sabe responder..."

04 dezembro, 2007

Apeteces-me

Lembras-me o nevoeiro a levantar do rio. Aquela neblina que tarda em ir embora, que guarda a outra margem como se fosse um segredo. Que nos gela o corpo mas que apraz a alma..

Pareces-me um mistério bem guardado com vontade de ser revelado, por tudo aquilo que não sei o que és.

Tenho vontade de te descobrir, mas o receio impera e corta-me as palavras e os movimentos. A respiração torna-se fraca, não por falta de força, mas por que me parece que se o fizer naturalmente te desvaneces e desapareces para onde já não te consigo alcançar.

Escuso-me de te tocar. Sinto que se o fizer te tornas numa miragem e assim prefiro ver-te ao longe, ficando, persistindo na dúvida do real e irreal, deixando o poder e sensação daquele toque, que me arde por dentro das pontas dos dedos, na minha imaginação..

Prefiro jogar o jogo do gato e do rato, ver sem ser vista, deixando que a adrenalina me percorra as veias fazendo o coração bater mais forte.

Mas um dia, ahhhh, um dia em que perceba que nada mais há a perder, aí sim... Aí falo e toco e deixo que tudo o resto à volta desapareça e mato a sede que tenho de ti.

Apeteces-me