07 março, 2008

Manhã

Acordei, aqui, sozinha, com o sol a bater-me no rosto.
Levanto-me e o reflexo de tanta luz, no rio e nas janelas, fere-me os olhos. Apresso-me a fechá-los para os abrir logo em seguida, aquele calor da luz crua da manhã parece-me vital e uma necessidade, bruta, de a absorver domina-me os sentidos

Logo me sento com os olhos fixados no céu, seguindo as gaivotas que se afastam do rio, os rastos deixados pelos aviões que voam para longe e tentando adivinhar a proveniência daqueles que, já aqui, se fazem à pista.

O sol continua a subir e eu afundo-me, cada vez mais, na lentidão normal da manhã. ofusca-me e os olhos começam a doer e sempre que os fecho vejo luzes brancas.

Olho para trás e vejo-te. não dei conta que estavas aí.
Admiro o corpo que me sacia os caprichos e as vontades, que se arrepia com o vento fresco que sopra de vez em quando.

" Estás aí à muito tempo? ", pergunto.
" Só o suficiente... ", respondes.

Juntas-te a mim e os toques recordam a noite que acabou.
Deixo o turbilhão de sexo e suor ir embora para que dê lugar à calmia dormente das nossas manhãs.Encaixo nos teus braços e inspiro o resto do cheiro bom de "cama" que ainda tens, antes que a brisa o leve.


E assim dormito, sonhando meia acordada, até que a fome aperte o suficiente e me convença a voltar a entrar.