06 junho, 2010

A C

Numa noite muito, muito escura, naquela noite, muito, muito fria e feia e que, aquela hora, metia muito, muito medo, por que era a hora em que só existem sombras e em que estas crescem, do fundo da rua veio um barulho que , em nada, tinha a ver com a fealdade daquela noite. era um barulho diferente, alegre, luminoso.


Era um ruído limpo que fazia lembrar coisas boas e alegres, era um ruído quente como se fosse um raio de sol, mas os raios de sol não fazem barulho... Aquele ruído cheirava a flores e tinha o barulho de um ribeiro com água limpa a correr, tinha o som da esperança, o sabor do caramelo, as cores do arco-íris.


Eles foram investigar, foram saber, descobrir de onde vinha e desceram a rua, a medo, com medo que aquele barulho tão diferente, não fosse de algo bom como parecia. Fosse um ruído acidental, sujo, escuro e mal-cheiroso, em tudo igual aquela noite em que se fazia ouvir.


Continuaram a descer a rua cada vez mais devagar, com cada vez mais medo e o coração cada vez mais apertado. "E se não for nada de diferente?" "E se não passar de um engano, um engano nosso?". A esperança era grande mas o medo, esse era maior. Se o barulho não fosse diferente quereria dizer que todas as noites continuariam assim? Que a felicidade os tinha abandonado de vez? Que a esperança podia e iria morrer?


Aquele som era como um abraço quente e carinhoso, como a brisa que sopra no Verão e alívia o ar quente, espesso e difícil de respirar. Todo aquele ruído que, mais que barulho, parecia música vinda de mil carrilhões, mil pássaros e mil coros de crianças a cantar, parecia vindo do futuro. De um futuro novo e diferente de tudo aquilo que conheciam, cheio de esperança e de luz, um futuro que parecia dizer que vale a pena esperar e lutar por ele!


Mas mesmo assim eles tinham medo. Ninguém sabia de onde vinha aquele som mágico e encantador, que, apesar do medo, os deixava em transe.


No fundo da rua, descobriram tudo e, de súbito, todos aqueles corações encheram-se de coragem e viram que tudo valia a pena.


Depois daquela caminhada, que apesar de curta lhe pareceu eterna, descobriram a fonte daquele ruído.


Aquele barulho, que em tudo era diferente daquela noite, era o som do mundo a sorrir.


É tudo isto que vejo quando olho para ti.

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