14 novembro, 2010

Maria

A Maria é filha da música.

Nasceu entre dois acordes de guitarras diferentes, mas que se completavam uma à outra.

Guitarras tão diferentes uma da outra, como uma, mais velha, feita à mão sem conhecimento mas com mestria de uma mão firme, sem cordas, e outra, mais nova, já electrizada, mais bonita e esguia, com cordas. Mas, mesmo assim, de duas guitarras que em tudo são tão diferentes produziram uma nota tão perfeita, tão afinada que cresceu e se amplificou no ar.

E aquela nota, que por ali ficou, multiplicou-se, juntou-se a outras, tornou-se numa pauta, numa melodia, que começou a tocar incessantemente nas cordas daquelas guitarras, mesmo naquelas que não existiam!

Assim, ali ficou, a tocar, a ecoar nos corpos daquelas guitarras, tornando-se na melodia permanente que tocavam sem pensar e sem esforço.

Uma melodia natural, que saía dos dedos experientes que dedilham as cordas de forma a tornarem mais simples e fáceis todos os acordes complicados que se liam naquela pauta, que rapidamente se eternizou e que as mãos de onde pendiam os dedos aprenderam a tocar de cor.

Às notas iniciais, aos primeiros e tão complicados acordes, juntaram-se mais e mais e aquela melodia cresceu, tornou-se mais familiar às mãos que a tocavam, uma sinfonia rock'n'roll tocada a quatro mãos. As mesmas mãos que a criaram.

A Maria não é filha da música, é um sinfonia longa e incompleta que vai continuar a crescer.

<$BlogItemCommentCount$> comentário(s):

Anonymous Anónimo said...

Que bom ter Maria no mundo.

12:28 da manhã  
Anonymous Clinica Psicologia Lisboa said...

Adoro a forma como escreve e descreve.

1:53 da tarde  

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