22 maio, 2007

E a corda lá vai esticando....

Aviso - Opinião única e pessoal!!!!!!!! Não tomar este meu texto como uma opinião genealizada da tuna à qual pertenço!!!!

Por onde começar?... Ora vamos por partes, para que não me perca em tudo o que “atormenta” este meio lado académico...

Tradição... Esta é a palavra que serve de base para tudo o que se faz, respira e respeita (ou não) no mundo académico actual. Sem tradição não existiriam queimas das fitas, benção das pastas, noites de serenatas... não existiriam tunas...

É claro que de vez em quando ela lá se vai quebrando... ou melhor lá se vai esticando a corda, no entanto, de preferência, se ao fazê-lo advier alguma justiça que o justifique, e não um simples capricho...
Ora... Para melhor compreensão, exemplos:
- Actos justos que o justifiquem: aparecimento, implementação e reconhecimento das tunas femininas, num mundo anteriormente exclusivo dos homens! (até porque hoje em dia existem mais mulheres no ensino superior do que homens, e até porque, salvo algumas excepções que me fazem doer a alma, já não existem assim tantas mulheres cujo objectivo único e final é serem cortejadas ao som de uma serenata, que culmina com um beijo e um desfalecer, nada forçado, em forma de desmaio)
- Actos com base num simples capricho: levar a votação numa reunião geral de alunos – de uma escola cujo nome não vou referir, mas onde os caloiros puderam votar – o possível uso de mala com traje.... é que é tão chato andar com as coisas nos bolsos... depois o casaco não assenta nada bem... Cá para mim, por essa ordem de ideias, faço uma sugestão: votem sobre se a capa não ficava melhor no carro ou em cima de uma cadeira, (até porque só iria validar aquilo que já se faz, não é??) enquanto nos passeamos de traje pela escola e afins... é que a capa pesa tanto nos ombros... e eu até tenho uma escoliose...
Mas retomando.... lá se vai esticando a corda, sendo que, Setúbal tem o pódio no que diz respeito à ignorância, simples desconhecimento ou gravoso desrespeito pelas tradições académicas que pautam este nosso mundo.

Mais grave ainda é ver as AE’s e a.... a ....... a ............ a........... Bolas, não consigo encontrar um adjectivo adequado, que não fira sentimentos nem susceptibilidades... sim, que por cá, as criticas são levadas muito a peito... há muita fragilidade...

O.k.... Novamente... Mais grave é ver as AE’s e a “denominada” Comissão Académica, que tão bem organiza a semana académica e, consequentemente, a noite de serenatas, fazê-lo com uma displicência tão grave, com tal falta de respeito, que me choca, ano após ano...

Eu já não estou à espera que o público, entre cervejas e gritos de claque, pela escola, pelo curso, pela Elsa que se perdeu no Sudoeste e nunca mais apareceu – coitadinha – saiba comportar-se numa noite de serenatas... Não o espero porque, desde 1998 que ando por cá e nunca aprenderam, nem quiseram aprender, portanto não será agora.

Mas estou, perdoem-me pela estupidez, à espera que aqueles que representam os alunos, e que deveriam pautar pelo rigor, façam alguma coisa... Ano após ano, RGA após RGA, eleições após eleições.... Mas nada se altera... Ter estatuto de dirigente associativo é excelente, organizar a semana académica, ter bilhetes de borla e beber de borla é muito bom....

Agora serem reivindicativos, interventivos, pró-activos (esta usei só porque está na moda... assim como polivalente) e fomentadores de uma cultura de respeito pela tradição académica... isso já dá mais trabalho....

Antes de mais... por favor informem–se das regras... Se querem fazer algo bonito e tradicional, como noutras cidades, informem-se... Não caiam no ridículo de fazer só mais uma noite de tunas e copos, onde, por acaso se tocam umas musiquitas mais lentas do que o costume (ou não... porque, infelizmente, para culminar o espetáculo, há excepções).

Não sou expert na área, mas conheço algumas bases que são de extrema importância para uma noite como as serenatas, por isso cá vai, caia ou não em saco roto.

No que diz respeito ao público:
1 - Uma noite de serenatas é uma noite solene... as capas são para estar traçadas; o silêncio é para se manter... As palmas só se batem no fim....

Para a organização: Tentem pautar, como disse, pelo rigor... Se querem que o público siga esta regras, o exemplo tem de partir de vocês, que abrem a noite.
1 – Convém que nas colunas não se ouça, antes do espetáculo, Xutos e Pontapés e afins... Eu gosto muito dos xutos, mas tenham dó.... Se não tiverem música de tunas, ao menos sejam coerentes com a vossa decisão de homenagear o Zeca Afonso e passem músicas desse ilustre cantor de Abril. Porque senão também se podia dizer que os homenageados eram os Anjos, que o pessoal acreditava.
2 – Quando iniciam a noite tentem não dizer Boa Noite a gritar como se não houvesse amanhã. Relembrem o público da solenidade da ocasião. Mantenham a postura que se requer numa noite de serenatas.

3 – Respeitem as tunas das vossas escolas, porque são elas, e disso tenham a certeza, que levam o nome da escola por Portugal fora! Não me equiparo ao Quim Barreiro, nem pretendo, pois prefiro a minha tuna, mas ele é uma artista, tal como as tunas o são.... Sendo que as Tunas têm ainda mais destaque na Semana Académica, do que qualquer outro.
Não me parece que o Quim, para além do dinheiro que cobra, pague o seu próprio jantar e as suas cervejinhas... Mas nós temos de o fazer! Enchemos o Largo de Sta. Maria e nem uma senha para beber temos direito. Vá lá, deram-nos jantar no refeitório, mas quem é que o pagou? O S.A .S , a Comissão ou as Associações?
Na Queima das Fitas nem sequer jantar vamos ter... Eu não considero isto justo nem coerente! Metam na vossa cabeça que não é uma obrigação para as tunas actuarem nestes dois eventos. É algo que fazem com gosto, com orgulho pelos seus finalistas... Agora, respeitem-nos e paguem-nos o jantar e as bebidas, como se faz em qualquer ponto do país por onde as tunas viajam!

4 – Volto a reforçar: Informem-se correctamente das regras da tradição académica, porque só assim poderão informar fidedignamente, fomentando a cultura académica.

No que diz respeito às tunas, quase nada a apontar, visto serem dos poucos que ainda conhecem as tradições... Mas mesmo assim, e aqui quero reforçar que esta é a minha opinião pessoal, um desabafo pessoal e não da tuna a que pertenço:
1- Achei imensa piada aos Anjos... O ano passado fartei-me de rir com o Toy... Mas, acho que uma noite de serenatas não será o momento indicado para uma surpresa dessas.... Até porque um dos impactos que teve foi excitar ainda mais as meninas do público, cujo estado de histerismo só poderá ser ultrapassado pelas fãs dos Beatles. Na queima das fitas seria mais indicado ou melhor ainda num evento vosso. Não levem a mal amigos, gosto imenso de vocês e do vosso espírito...
2- Ora serenatas.... Serenatas.... Músicas românticas, de compasso mais lento, que versem sobre os amores de estudantes, entre outros... Logo, e à partida, ausência de bombo e outros instrumentos do género. Se possível entradas sem pandeiretas... Regra geral não são as tunas todas, mas um grupo de serenatas que asseguram esta noite, e segundo membros tunantes dos mesmos, os instrumentos são reduzidos ao mínimo: violas, guitarras, portuguesas, bandolins e pouco mais... Na minha opinião, aqui entra um esticar de corda... concordo que sejam as tunas, porque como membro de uma tuna feminina não estou de acordo que as serenatas nos sejam vedadas... Aqui a tradição altera-se com a emancipação das tunas femininas, cujos direitos deverão ser equiparados e não diminuídos face a uma condição de discriminação de géneros.

Aos cursos presentes no local e que levaram a cabo uma das mais recentes tradições de Setúbal, o traçar das capas.
1- Antes de mais o acto em si é muito bonito e significativo, mas um pouco mais de organização, menos claque pelos cursos, e talvez uns dias mais à frente, ou seja, após a queima das fitas, seja o indicado.... Não me parece correcto que os caloiros o deixem de ser antes dos finalistas desse ano o serem verdadeiramente, após o acto que faz deles Veteranos, na verdadeira acepção da palavra.
Um caloiro não deveria trajar antes que os finalistas queimem as suas fitas.... Mas isto dos caloiros, seus veteranos e seus trajes já dava mais um texto... bem grande por sinal.... Esse deixo para a próxima.

E pronto... por aqui me fico, com a sensação que muito ficou por dizer, tendo ao mesmo tempo a sensação de muito ter sido dito. Sei que Setúbal prima pela irreverência... Sei que a minha tuna assim o é também... Mas a irreverência deverá ser sempre ponderada ao ponto de não cair no exagero e no ridículo do desrespeito.


Vera Martins,
5 matrículas, 7 anos de tuna, 9 anos de academia e eterna amante do espírito académico e tunante... Esteja ele onde estiver em Setúbal... em mim não está adormecido...