Parte II
" (...)Não dá para combater esta necessidade de me manter em contacto, permanente, contigo. (...) e continuo a não me arrepender daquele número errado. Acho que nunca fui tão feliz por me ter enganado...
Continuo a escrever nos transportes, enquanto vou para o trabalho e no caminho de volta para casa, no trabalho (...).
Todos me dizem para esquecer, porque o que lá vai lá vai, porque é assim que se aprende, a cair para nos levantarmos a seguir, mesmo que nos espere uma nova queda, e eu sei que têm razão. Mas depois lembro-me (...) de todos os dias que vieram a seguir e chego à conclusão do que sempre soube, que é impossível esquecer e deixar, lá atrás, uma parte da nossa própria alma, porque é aí que tu estás.
Como é que nos esquecemos de parte de nós próprios??
E a resposta é, invariavelmente, a mesma: se perderes uma perna, não deixas de andar, tens sempre uma muleta para te ajudar a fazê-lo. E mesmo que caminhes mais devagar e que o faças com mais dificuldade, nunca deixas de caminhar.
Bom, tudo isso é verdade e muito bonito. Mas quando pergunto onde é que arranjo muletas para a alma, a isso, já ninguém me sabe responder..."