03 agosto, 2006

A lei da bala

Actualização tecnológica da «lei da ponta da espada», «lei da pedrada», «lei da paulada» e «lei do “vale tudo menos arrancar olhos”», ainda não completamente vetadas ao desuso, ilustram com alguma fidelidade a evolução diacrónica do pensamento desde os primórdios da antiguidade.
Provavelmente a génese dos sistemas legislativos contemporâneos, a «lei da bala» encontra-se nesta década a braços com a sua própria actualização conceptual para «lei do projéctil teleguiado».


Numa primeira leitura quer-nos parecer que a diferença não será assim tão grande, um maior nível de precisão e tal... Nah, nah! Este upgrade legislativo traz-nos toda uma nova dimensão, é que agora torna-se possível e acessível sancionar em massa e a grandes distâncias!

É importante que tenhamos em atenção que esta lei de bases do ideário internacional tem aplicações em variadíssimas áreas, o que a qualifica como predilecta de tantas nações e indivíduos, sim porque além de tudo o resto esta regulação tem várias modalidades de aplicação, contemplando as necessidades do aplicador. Tem, por exemplo, o seu pacote Nação Soberana; o pacote Párias Unidos e Guerrilheiros sem zona geográfica de pertença (versão gold para aqueles que têm expressão em mais que 1 continente, num total mínimo de mais de 10 nações soberanas; versão bronze para os que têm expressão num continente, em mais de 5 nações soberanas, 3 das quais com fronteiras contíguas; versão silver destinada aos que tem expressão em 5 ou mais nações soberanas, sem fronteiras contíguas e, por fim, a versão light para todos os restantes que não se enquadram nos pacotes anteriores); e existe ainda o pacote doméstico, que se destina ao utilizador em título individual.

A grande questão poderá ser: Mas para quê tanto alarido por causa da «lei da bala»? Não haverão coisas mais giras para centrar um post? Provavelmente sim, mas nada me parece mais pertinente neste momento que dissertar sobre este assunto. E passo a explicar o porquê:
Desde os primórdios mais rebuscados da génese daquilo que conhecemos e aquilo que ainda não conhecemos, que se verifica uma tendência natural para resolver diferenças recorrendo a esta regulação.

Partindo do princípio [supostamente] aceite universalmente de que somos todos diferentes e sendo este o único aspecto que nos une, para além de questões genéticas, biológicas e afins. O que somos, para mim, define-se numa equação que opõe o que pensamos, com o que fazemos; dividindo pelo que sabemos, somando o que toleramos e subtraindo o que segregamos; acertando às unidades, por excesso ou defeito, conforme a diversidade de exposição social, com mais umas quantas variáveis de natureza pessoal e intransmissível.

Posto isto, começa a espalhar-se, pelo espaço escrito e a abandonar as entrelinhas, a ténue e sublime sensação de que a perpetuação de hábitos punidos pela «lei da bala» não se deve à falta de precisão do executor, mas há incapacidade de aniquilar a diferença, sem aniquilar tudo aquilo que conhecemos!

E eis que ainda surgem mais obstáculos ao sucesso da «lei da bala», é que esta regulação destina-se, por excelência, a mudar modos de pensar, a aniquilar ideias e ideais, é uma forma de ataque e de defesa cuja legitimidade é unicamente transparente e assegurada por quem se sente ameaçado pelo raciocínio de outros.

Ora, como a maioria de nós estudou em física e em filosofia, é extremamente complicado querer exterminar algo do campo do abstracto e do intangível com acções reguladas e delineadas para o campo do concreto e do tangível!

Solução?!? Extermina-se o hospedeiro!

Problema?!? É que ao contrário das pandemias, as ideias são de geração espontânea!

Diferentes perspectivas, interpretações e/ou percepções de um mesmo assunto não são frequentes, são reincidentes; inevitáveis, saudáveis e naturais!!! Podemos não concordar, podemos abominá-las, mas não podemos desrespeitá-las, porque esta é uma relação biunívoca!
«A lei da bala» espalha o medo mas, como só tememos o que não conhecemos, não compreendemos e o que não conseguimos ter a ilusão que controlamos, rapidamente procuramos vencer esses temores, contrariando-os e assim renascem ideias! Se a lei da bala resultasse, não seríamos todos, por esta altura, iguais?

=D

EnJoY

<$BlogItemCommentCount$> comentário(s):

Blogger Vera Martins said...

A lei do raio laser será muito melhor... aí teremos jedis e militares do dark side of the force em vez de israel e hezbolah... Muito mais giro... principalmente se o herói dessas lutas for aqule actor que começa por ser jedi e depois se torna no darth vader...

Olha e não é que esta última frase me lança uma questão.... Então se os heróis depressa passam a anti-heróis como é que seremos capazes de saber de que lado se encontra a razão... Pois lá está... se calha r o melhor é continuar à porrada estupidamente por essa vida fora!!!!


Muito melhor!!!!!

10:29 da tarde  

Enviar um comentário

<< Home